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Tudo volta

Me considero uma pessoa com um bom nível de desapego material.  Nunca fui de ficar juntando coisas das quais não gosto, que sei não me terão utilidade ou me darão prazer. Já cheguei a doar peças de roupas, perfumes e outros itens novos pelo simples fato de achar que serão melhor aproveitadas pelo próximo.

Por outro lado conheço muita gente que adora guardar coisas e que tem uma dificuldade velada com o desapego. Na minha família tem uma pessoa que guarda coisas há mais de 50 anos, especialmente roupas. Quando pergunto o motivo ela me responde: “Tudo volta e isso ainda será moda.” Admito que ela esta coberta de razão, especialmente no tocante a moda. Quantas vezes tendencias passadas são resgatadas, repaginadas e viram “in, cool, cult, vintage……”

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Não é diferente com algumas outras áreas.

Em plena era da tecnologia já existem vários alarmes amarelos de que os laços pessoais estão sumindo, dando lugar a relacionamentos virtuais, vazios e muitas vezes pobres em conteúdo. Famílias com pouco, quase nenhum diálogo  são comuns. Terceirização da educação, de afeto, um cenário preocupante.

Na relações profissionais e comerciais o cenário é o mesmo.

Vivemos num ambiente em que proliferam consultas a psicólogos, terapeutas e o consumo de anti depressivos até onde tenho noticias continua numa escalada, indicando de que precisamos urgentemente rever nossos conceitos e valores.

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Mas em meio a toda essa crise pela qual passa o nosso país tenho observado cada vez mais gente se conscientizando  do assunto e vejo movimentos curiosos do comércio neste sentido.

Ontem mesmo estava subindo a minha rua a pé  quando duas simpáticas atendentes de uma farmácia (estavam uniformizadas) me abordaram para informar que uma nova unidade seria aberta naquela data e a apenas uma quadra de casa. Interessante que na era do digital a panfletagem no bairro esteja voltando. O tete a tete, enfatizando a abordagem mais pessoal.

Mas não é só isso, há um claro movimento de resgate ao comércio local, de bairro, aqueles estabelecimentos menores, mais aprazíveis e acolhedores e em teoria mais humanizados. Aquele café, farmácia, supermercado que dá para ir a pé.  Os chamados “cash & carry”. O interessante é que  grandes redes também estão investindo nestes modelos mais setorizados sinalizando que a tendencia veio para ficar.

A despeito do dado assustador de que perto de 120 mil lojas o que representa nada menos do que 15% de todos os estabelecimentos comerciais do pais fecharam as portas em 2015,   vejo com alento e esperança o movimento descrito acima.  Quem sabe nessa mesma onda possamos retomar também outros bons e velhos hábitos de convívio social e dar mais importância  ao que realmente importa, o ser humano.

 

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