Este post tem a ver com a difícil, mas necessária tarefa do desapego.
Falar é fácil, fazer nem tanto. Da teoria à pratica existe um abismo enorme.
Os dois chavões acima caberiam perfeitamente no contexto mas vamos ilustrar as coisas de uma forma mais pratica e didática.
Sou um réu confesso. Há aproximadamente 25 anos tenho amantes. Tive várias até chegar aquela que para mim é o “fit” perfeito. Temperamento e reações nem fortes nem fracas, simplesmente na medida. Uma linda Austríaca ruiva, esguia, mas robusta e de uma personalidade ímpar. Povoou meus sonhos, me deu prazeres incontáveis que jamais serão esquecidos. Me permitiu visitar lugares especiais e sempre fez muito bem ao meu corpo, cabeça e a minha alma, um caso de amor profundo. O grande problema é que por me tirar da família, só a via de 15 em 15 dias, muito pouco para um amor tão intenso. O nome dela? A essa altura e com a intimidade já totalmente exposta não faz sentido negar….
KTM 350 XCF-W. Não, não é um androide saído do Blockbuster Blade Runner, é uma moto de trilha, meu hobby, e sim minha relação com as minhas motos sempre foi essa.
Pura diversão para a minha esposa, que reconhece que sem minhas amantes fico insuportável. Pura diversão para o meu médico que sempre preconiza: “Conheço dois tipos de motociclistas, os que já se fú e os que ainda irão se fú….. E eu transito entre os dois.
Devido ao atual cenário sócio econômico, também me vi obrigado a intensificar os ajustes para redução de custos e despesas. Este tem sido um exercício contínuo nos últimos anos, mas confesso que sempre que pensava na moto dava um jeito de cortar em algum outro lugar. A solução encontrada, pelo menos por hora, foi a de trocá-la numa mais antiga e barata. Assim avanço menos nas economias e ainda com a esperança de manter o hobby por mais um pouco.
Não é a primeira vez que faço isso, mesmo assim a tomada da decisão foi dolorida e precisou ser maturada, porém é preciso mais uma vez ter o pé no chão e exercer a difícil tarefa do desapego.
Essa situação toda me levou a refletir o porquê muitas vezes titubeamos em nossas decisões corporativas. Me lembrou ainda de alguns amigos e mesmo clientes empreendedores que precisavam tomar medidas mais sérias ou mesmo drásticas em suas empresas, mas simplesmente não encontravam a razão certa, ou a força e coragem para fazê-lo.
Parece que se desfazer daquilo que se ama significa uma derrota, mas não é! Se bem canalizado serve de combustível e te força na busca da reconquista, para reaver aquilo de que tanto gosta e de que precisa para preencher uma necessidade.
Privação, perda e desapego engrandecem, claro tudo dentro de um determinado limite, até porque o tema central é um bem que de longe é de primeira necessidade. Para ilustrar melhor minha afirmação segue a pirâmide de Maslow.
E apenas para concluir, o desapego é importante para reafirmar o quanto aquilo realmente é ou não importante para você, porque na ausência é que se percebe também o quanto de coisas fúteis, inúteis e sem sentido carregamos durante nossas vidas.
Boa semana, boa reflexão e até breve.
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