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Semana passada recebi de uma prima um arquivo em power point divulgando um desses cruzeiros “super dooper” da atualidade.

Tive um certo saudosismo pois o navio faz parte da mesma empresa daquela pela qual viajei na minha lua de mel.

O navio anunciado conta com uma lista infindável de opções de entretenimento e gastronomia, usam da mais alta tecnologia disponível, tudo do bom e do melhor para impressionar, encantar, deixar os passageiros e clientes felizes. Guardadas as respectivas proporções estamos falando de um Titanic da atualidade.

Enquanto eu olhava maravilhado as fotos dos slides e lia encantado detalhes sobre o cruzeiro, de súbito me vieram a cabeça duas questões: 1- Quanta opulência junta; 2- Será que é preciso tudo isso para ser feliz?

Antes de continuar o raciocínio e fazendo um “short cut”, sim! se eu pudesse e tivesse condições gostaria muito de conhecer e fazer este cruzeiro, sim! gosto de dinheiro e de coisas boas e não! , não tenho vocação para ser uma Madre Teresa de Calcutá ou outro exemplo de abnegação total.

O ponto é que com o atual cenário brasileiro em que contabilizamos oficialmente 9 milhões de desempregados, (cuja escalada está numa ascensão e sem perspectiva de melhora), num mundo com tantos movimentos migratórios críticos em consequência de guerras, fome, intolerância religiosa, com tanto desvio de verba pública impedindo acesso a alimentos, educação, saúde e o mínimo de infra estrutura social, não dá para ficar alheio e se fechar numa redoma de Disneylândia.

Isso posto, é duro mas preciso encarar a realidade e admitir que existem mundos bastante diferentes no mesmo planeta, em que pese, na maioria dos casos as coisas melhores são para poucos, muito poucos. Creio que isto reforça o fato de que existe um longo e importante exercício para que a humanidade repense num melhor modelo para a redistribuição de renda. Não defendo aqui que o ganho honesto tenha que ser repartido, mas sim de que a prioridade seja na formação e na educação, pois seres mais capazes terão mais oportunidades, pensarão em novas alternativas e tenderão a formar um modelo econômico mais inclusivo e justo.

Admiro o mercado de luxo, o da ostentação nem tanto e é provado que um não precisa vir necessariamente atrelado ao outro. Creio que este mercado tem espaço, é necessário, tem muito futuro e que jamais deixará de existir, entretanto penso que os abismos entre ele e os outros mundos mais populosos deveriam decrescer e se tornar menos abruptos.

Já que começamos pelo tema cruzeiro marítimo, me permito concluir o post com uma saudação de outra trupe dos mares, a dos velejadores. Bons ventos, boa reflexão e ótima semana a todos.

 

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